A política na vida real não é sinônimo de diversão, mas ela desempenha um papel importante na indústria de desenvolvimento de jogos digitais. A maioria dos jogos tem algum pressuposto político implícito, mesmo que não seja a intenção direta do desenvolvedor.
Atualmente, os jogos se tornaram um dos principais meios de comunicação. Eles refletem a sociedade em que foram incorridos, ao mesmo tempo que têm um impacto sobre a mesma. Será que os jogos podem ser usados para espalhar ideologias e publicidades?
Assim como outros meios de comunicação, os jogos podem defender interesses políticos. Temas sobre sexo, trabalho, consciência democrática, vigilância do Estado, conflitos armados e refugiados também são vistos frequentemente em jogos digitais.
Jogos com um caráter mais político, como o universo EVE Online, conseguem, por meio de suas mecânicas, impulsionar a organização da comunidade em sistemas econômicos e políticos bastante complexos. Assim como na vida real, o EVE, também conhecido como New Eden, mexe com emoções como o ciúme, a ambição, a vingança, a ganância, o ódio, e a amizade.
A semelhança de histórias com o nosso mundo, exerce um papel importante no sucesso de jogos eletrônicos. Para muitos, os jogos são veículos para visitar mundos imaginários bem diferentes do que vivem. Mas para o ser humano é inevitável buscar paralelos entre a ficção e a realidade. Jogos que trazem histórias verossímeis têm o potencial de promover grande identificação e imersão por parte do jogador. Acreditar que um fato poderia ser real facilita com que o jogador se importe com os acontecimentos no jogo.
No EVE, ao contrário de outros jogos, um acontecimento é irreversível. Se por exemplo, a base do adversário for conquistada, uma nave espacial ou mesmo uma frota inteira for destruída, tudo isso é definitivo. Isto conduz a aspectos fascinantes no mundo virtual, como a escassez de recursos e vínculo emocional com objetos.
Governos virtuais
Os governos, nos mundos virtuais, são apoiados por dezenas de milhares de pessoas reais que compartilham da mesma ideologia e opinião e estão dispostas a lutarem pelos seus líderes e ditadores.
Os líderes geralmente são jogadores de prestígio, chefes de facção em jogos multiplayer massivos ou até mesmo streamers e celebridades da internet. Essas pessoas exercem grande influência sobre o comportamento do restante da comunidade dentro do jogo, não muito diferente do que ocorre com governantes populistas ou ditadores.
Polarização política virtual
Sempre tivemos oposições no mundo político. No mundo virtual isto não poderia ser diferente. Em World of Warcraft, ao escolher uma facção, automaticamente os participantes da outra facção são seus oponentes. Além disso, há "inimigos em comum", desafios do jogo que só podem ser vencidos com a união das facções. Neste contexto fica claro que política nos jogos não é preto no branco, a política no geral se desenvolve em tons de cinza, cheia de nuances, assim como na vida real.
Andrey Coutinho, roteirista freelancer e colaborador da Supernova Indie Games explica que esta participação política ativa dos jogadores, nos jogos, acontece porque as pessoas sentem que suas vozes não são ouvidas pela política real, que seu input é irrelevante. Nos jogos, o feedback das ações sempre é mais imediato e as consequências costumam ser maiores dentro do espaço ficcional. "Acho que a política real tem muito a aprender com os jogos sobre como dar voz a todos os participantes".
Os jogos podem ser usados para formar opiniões?
Existe uma grande diferença entre consumir um conteúdo sobre política e vivenciar aquele conteúdo num jogo em que suas escolhas fazem a diferença. "Sim, acredito que jogos podem ser mais poderosos que qualquer outra mídia na formação de opiniões informadas, finaliza Coutinho"
Comentários e críticas são bem-vindos! Você tem interesse em escrever um post? Basta enviar um e-mail para Gastbeitrag.
Obrigada pela leitura!
Wilgen e o time da alugha
#alugha
#doitmultilingual